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ARIANE ET BACCHUS


Laboratório de Música Antiga da UFPR apresenta ópera de Marin Marais (1656-1728)
Ariane et Bacchus, embora escrita por um compositor que podemos considerar canônico, permanecia desconhecida para os músicos e estudiosos, especializados ou não no período. Esta é a segunda ópera de Marin Marais, de 1696, com libreto de Saint-Jean; ela foi criada e apresentada em Paris num momento instável da história da tragédie en musique: contra a sombra gigante do criador do gênero – Jean-Baptiste Lully, morto em 1687 – qualquer compositor que ousasse se aventurar a compor sua própria tragédia musical iria inevitavelmente medir forças.
Ao final do século 17, os compositores conheciam bastante bem a receita que permitira, até então, o sucesso deste grande empreendimento: uma combinação equilibrada da música e da poesia com o espetáculo visual das máquinas e da dança. O libretista tomaria emprestado os ingredientes poéticos da tragédia clássica, enfatizando as intrigas amorosas, especialmente apropriadas para a presença da música; a utilização das máquinas permitiria o surgimento dos elementos mitológicos ou mágicos dando vasão ao merveilleux –, o efeito supremo da ópera, que causava no espectador a maravilha, ou o efeito de deslumbramento e profunda emoção com os efeitos causados pela grandiosidade do espetáculo.
O enredo de Ariane et Bacchus apresenta um sistema de intrigas amorosas que, em linhas muito gerais, funciona da seguinte maneira: Dirce, que ama Adrasto, que ama Ariadne, – que ama Teseu, que ama Fedra – que também ama Baco, que a ama e que é odiado por Juno. A teia de confusões entre os casais que se forma e se desfaz é característica de um espetáculo que buscava agradar o público com histórias intrincadas que eram ainda mais complicadas pelos desejos idiossincráticos dos deuses – mas o final era sempre feliz.

Encontro com a obra 
O primeiro contato com esta obra deu-se em 2010, por ocasião de uma temporada de pesquisa na Biblioteca Nacional da França, em Paris, pela coordenadora do LAMUSA, Laboratório de Música Antiga da UFPR. Nesta ocasião, foi coletado todo o material relativo à ópera encontrado até aquele momento: cinco libretos publicados entre 1696 e 1703 e o manuscrito da partitura completa, com a presença de todas as vozes (solistas, coro e orquestra). Em visita de pesquisa posterior, foram encontradas mais duas fontes musicais de Ariane et Bacchus.
Desde então, iniciou-se o trabalho de edição crítica da ópera de Marais, com uma equipe formada por alunos de graduação (Iniciação científica), mestrandos, doutorandos e membros externos de outras universidades (UFRGS, UNICAMP, UFRJ e UERJ) e de instituições no exterior (Conservatório de Paris e Sorbonne IV). Em 2013, foram obtidos recursos para a continuidade do Projeto de edição crítica, incluindo a contratação de técnico e subsídios para nova visita à França para coleta de material relativo ao universo que circunda a obra de Marin Marais; obtivemos ainda verba destinada à futura publicação da obra, que se mantém até hoje inacessível a músicos e estudiosos modernos, restrita às edições da época, nos arquivos da BNF.

Elenco
Ariane : Márcia Kaiser
Bacchus: Sidney Gomes

Adraste: Thiago Montero
Géralde/Júpiter: Norbert Steidl
Junon: Ana Luísa Vargas
Le Roy: Rubens Rosa
Le Plaisir/Un Songe: Victor Bento
Nymphe de la Seine /Un Songe: Elisama Koppe
Corcine /Un Songe: Ariadne Staut Melchioretto
L’Amour: Viviane Kubo
Dircée: Iara Rodriguez
Mercure: Andras Ellendersen

Coro
Sopranos: Ariadne Staut Melchioretto, Ana Luísa Vargas, Cristiane Alexandre, Elisama Koppe, Iara Rodriguez, Viviane Kubo
Contraltos: Ricardo Betim, Victor Bento

Tenores: Rubens Rosa, Sidney Gomes
Baixos: Andras Ellendersen, Guilherme Madeira, Levy Lopes

Orquestra
Spalla: Atli Ellendersen
Violino: Fernando Bombardelli

Oboé: Lúcio Gomes Portela
Flauta-doce: Lúcia Carpena
Viola: Matheus Prust
Viola da gamba: Thomas Jucksch
Violoncelos: Maiko Thomé Araújo, Alzira Hubner
Cravo: Douglas Amrine
Contrabaixo: Mayra Stela Dunin Pedrosa


Direção musical:  Silvana Scarinci
Assistente de direção: Lúcia Carpena e Atli Ellendersen

Preparação do Coro: Ana Luísa Vargas
Arquivista: Fernando Bombardelli
Legendas: Bruna Oliveira e Gabriel Monteiro
Notas de Programa: Silvana Scarinci, Ariadne Melchioretto
Designer gráfico: Wilson XXX

Edição da partitura: Silvana Scarinci (coordenadora), Fernando Bombardelli (técnico), Denise Scandarolli, Ana Luísa Vargas, Ariadne Melchioretto, Atli Ellendersen, Iara Rodriguez, Tamile Denk, Wilians Gregório, Adriana Jula, Anaïz Dessartre, Liana Negreiros, Elisama Koope, Bruna Oliveira.

Sinopse de Ariane et Bacchus
Prólogo – A cidade de Paris, em uma de suas mais belas vistas.
Divindades surgem com a Ninphe de la Seine (ninfa do rio Sena) comemorando por terem sido poupados dos horrores da guerra, e por reinarem agora em Paris os amores e os jogos. Pan propõe que se prepare uma festa para o maior e mais justo dos reis, Luis XIV. Para entretê-los, Terpsícore, musa dos espetáculos, escolhe como tema a história de Ariadne e Baco.

Ato I – As cenas se passam na ilha de Naxos.
Ariadne lamenta a fuga de seu amado Teseu. Corcine, sua confidente, tenta consolá-la. Ariadne é informada de uma dupla traição: Fedra, irmã de Ariadne, fugira com Teseu na noite anterior. A princesa desmaia.
Adrasto, que é apaixonado por Ariadne, se mostra feliz pela partida de seu rival e sente-se vingado ao ver aquela que o ignora sendo também rejeitada por seu amado. Geraldo, feiticeiro confidente de Adrasto, o alerta de que a vingança será inútil – não satisfará seu coração apaixonado. Dirce, prometida a Adrasto, percebe o interesse de seu noivo por Ariadne. Ele desmente e diz ainda amá-la.
O Rei Enaro, irmão de Dirce, anuncia com felicidade que Baco se aproxima de Naxos, como um presente das divindades para compensar a partida do nobre Teseu, e oferece aos deuses um sacrifício em agradecimento. Juno, furiosa e enciumada, desce dos céus em sua carruagem e interrompe o sacrifício. A deusa nutre um terrível ódio por Baco, filho de Sêmele com Júpiter, seu marido. O Rei suspende o sacrifício em respeito a Juno.

Ato II – A cena se passa em um Porto.
Ariadne ainda se encontra desolada, desejando a morte. Corcine a consola. Ouve-se um barulho no porto. Ariadne questiona se seria Teseu retornando. O deus Amor surge e ordena que ela esqueça Teseu, pois ele fará Baco se apaixonar por ela. Ariadne ainda prefere a morte, mas as ordens de um deus não podem ser rejeitadas. Ele parte. Adrasto se aproxima e é mais uma vez rejeitado por Ariadne. Ele jura segui-la para sempre mesmo que ela tente fugir.
Enquanto Adrasto lamenta sozinho, escuta ao longe as vozes do povo de Naxos comemorando a chegada de Baco. O Rei convoca todos a se aproximarem e a prestarem homenagens ao recém-chegado Baco. O deus explica estar ali pois um oráculo desejava que lá ele provasse da escravidão. O Rei sugere que possivelmente belos olhos o acorrentarão naquelas terras. Baco diz ser regido apenas pela Glória e não pelo Amor. Ao ver Ariadne, Baco imediatamente sente nascer em si o amor. Há uma grande festa com danças e cantos. Quando todos se retiram, Baco se aproxima de Ariadne e declara que o deus Amor a escolheu como sua soberana. Ela mostra-se relutante e foge com Corcine. Baco corre atrás dela. Lycas acredita que Ariadne já ama Baco.

Ato III – O teatro muda e representa arcos de treliça, fontes, estátuas…
Adrasto crê compartilhar com Juno de raiva semelhante e pede que ela impeça que Ariadne se apaixone por Baco. Juno aparece para Adrasto, disfarçada de Dirce, e diz que fará Ariadne insensível ao amor de Baco. Ordena que Íris leve Dirce para uma ilha enquanto executa seu plano. Juno chama o deus do sono para auxiliá-la em seu plano cruel contra Baco. Fingindo não notar a presença de Ariadne, Juno disfarçada de Dirce fala sobre o amor que Baco tem por ela, e sobre sua infelicidade por mesmo assim não ter os ciúmes de Adrasto, que ora ama outra.
Ariadne entra em desespero ao perceber que novamente fora traída. Crê que Baco também jurava amor a Dirce e em meio a seus devaneios, ela adormece sob poder do deus do sono. Divindades do sono aparecem em sonho para Ariadne em forma de Baco e Dirce, que juram amor mútuo e desprezo pela princesa. Ariadne enraivecida acorda. O Amor aparece para Ariadne e revela que tudo não passara de um plano de Juno para suscitar falsas suspeitas, pois Baco a ama verdadeiramente, e Ariadne deve ceder a ele. Ariadne, sozinha, demonstra já não ter forças para recusar o amor de Baco e o aceita.

Ato IV – A cena se passa no palácio de Enaro.
Ariadne cede ao amor de Baco e eles comemoram sua união. Adrasto escuta o diálogo do casal escondido e, depois que eles saem, promete vingança. Adrasto ordena que seu amigo feiticeiro, Geraldo, invoque os espíritos do Inferno, mas é advertido de que mesmo o Inferno é temente ao grande Baco, e que eles não o obedecerão. Adrasto insiste. Geraldo invoca os demônios do inferno que coloquem no coração de Ariadne o ódio, o ciúmes, a inveja e a discórdia. Surgem os demônios, que aceitam a tarefa de arruinar o amor de Ariadne, mas quando Geraldo profere o nome de Baco, os demônios dizem que ele nada teme do Inferno. Geraldo então invoca a mais temerosa entidade infernal, a fúria Alecto, para agir sobre o coração de Ariadne. Alecto sai dos infernos e aceita as ordens de Geraldo. Os demônios comemoram os tormentos de Ariadne. Geraldo ordena que partam, finalmente.

Ato V – O teatro muda, representando um grande salão enfeitado como se para um grande espetáculo.
Dirce retorna, sem entender por que fora levada pelos deuses àquela ilha distante. Conta, infeliz, que quando se aproximou de Adrasto fora desprezada. Elisa, confidente de Dirce, recomenda que ela não se aproxime de Ariadne, pois ela está furiosa, crendo ser Dirce amante de Baco. Dirce se deleita com a notícia. Elisa a aconselha a não desejar vingança. Ariadne chega enraivecida e quer matar o deus do qual está enamorada, com um punhal, mas ao vê-lo, o braço no qual traz a arma se imobiliza. Emocionada, Ariadne quer então se suicidar.
Adrasto crê que Baco está tentando machucar Ariadne e tenta impedir. Eles combatem. Baco persegue Adrasto para atrás do palco, enquanto seus súditos combatem entre si. Ariadne insulta Baco e ordena que parta. Corcine e Baco imploram que não seja injusta com aquele que a ama e que acabara de matar Adrasto.“Os trovões são escutados, o ar parece pegar fogo, o Céu se abre, Mercúrio desce”. Júpiter anuncia do alto de seu trono que Baco deve levar Ariadne para os céus, e viver ao lado dos deuses. Juno aceita. Tocando Ariadne com seu caduceu, Mercúrio restaura a paz no seu coração. Ariadne volta à razão. Todos comemoram a união da princesa com o deus. Dois Amores que trazem a coroa de Ariadne a levam ao céu, onde ela é transformada em uma coroa de estrelas. Toda a Naxos comemora.

Silvana Scarinci
Combina interpretação musical e pesquisa acadêmica numa produção que se estende para bem além das fronteiras universitárias. Silvana transita com desembaraço de concertos em espaços nobres – Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Église Saint Séverin no Quartier Latin em Paris – às ruas de Curitiba; foi indicada ao Prêmio Cláudia 2014, na categoria Cultura. No âmbito da pesquisa, estuda a música do século XVII, principalmente a música vocal italiana e francesa sob perspectivas interdisciplinares, com ênfase em literatura, gênero e a tradição clássica. Sua pesquisa de doutorado, graças ao apoio de diversas agências de fomento do país, resultou na publicação de um livro e CD com a música de Barbara Strozzi, uma compositora e cantora do século XVII (Safo Novella: uma poética do abandono nos lamentos de Barbara Strozzi; Veneza, 1619 – 1677. EDUSP e ALGOL editoras, 2008).
É Professora da Universidade Federal do Paraná, onde exerceu o cargo de Coordenadora da Pós-graduação em Música de 2011 a 2014. Silvana tem publicado e apresentado sua pesquisa com frequência no Brasil e no exterior. Paralelamente às atividades teóricas de musicologia, é uma intérprete conhecida de música renascentista e barroca; apresenta-se frequentemente ao lado de renomados músicos como: Marília Vargas, Paulo Mestre, Juan Manuel Quintana, Luís Otávio Santos, Dominique Moaty, Lívia Nestrovski, Fred Ferreira e nas principais salas de concerto e ópera do país, sob a direção de Martin Gester, Nicolau de Figueiredo, Marcelo Fagerlande, Júlio Moretzhon, Abel Rocha, entre outros.
Silvana viveu vários anos nos EUA e lá fundou um grupo composto somente por mulheres, interpretando música escrita por mulheres. O grupo, Anima Fortis, foi premiado pela associação norte-americana Early Music America em 2002. Como Professora, é convidada a ministrar master-classes e workshops em ópera barroca e música vocal no Brasil e exterior. Foi coordenadora da Pós-graduação em Música da UFPR de 2011 a 14 e é coordenadora do LAMUSA: Laboratório de Música Antiga da UFPR (http://labdemusicaantiga.wix.com/ppgmusica), responsável pela produção de pesquisa e performance na área; o projeto, entre várias atividades de pesquisa, inclui a publicação e interpretação de obras raras: em 2010 Silvana dirigiu a ópera La Didone,de Francesco Cavalli, em 2011, Didon, de Henry Desmarest, em 2013, Orfeo dolente, de Domenico Belli e, em 2014 e 15, Die shöne und getreue Ariadne (A bela e fiel Ariadne), de Johann Georg Conradi. É membro fundadora da orquestra barroca Concert d’Apollon, com quem se apresentou em 2015 no Festival de Música Antiga de Utrecht. Atualmente, finaliza a edição crítica da ópera esquecida de Marin Marais, Ariane et Bacchus. Em 2017, realizará visita acadêmica a Birmingham City University, com supervisão de Graham Sadler.

SERVIÇO

Ópera Ariane et Bacchus – Laboratório de Música Antiga da UFPR

Domingo, 27 de novembro, às 18h
Capela Santa Maria (Rua R. Conselheiro Laurindo, 273 – Centro)

Ingresso: nada foi informado




















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