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Veneza, o campo da democratização do "dramma per musica"

O desenvolvimento de um gênero – sua localização e situação socioeconômica. A República Sereníssima, preocupada com o retrato de sua autoimagem, tornou a ópera o principal meio para a expressão político-cultural das academias literárias de Veneza.


Resumo



A República de Veneza foi “única” entre os estados italianos (ainda não unificados); e era governada por um pequeno número de famílias aristocráticas, baseada no comércio, e não em uma linhagem hereditária ou, como nos estados romanos, sob a regra da Igreja. Devido às “circunstâncias históricas e vicissitudes” (ROSAND, 2005), “Veneza criou uma coleção de registros nas artes que construíram um mito, através do luxo e muitas mostras de arte e música a respeito da República” (ROSAND, 1991). O mito de Veneza: essa imagem coletiva – da autoproclamada República Sereníssima como uma ideal entidade política, cujos governantes patrícios eram altruístas e dedicados ao bem-estar público. Os venezianos defenderam o ceticismo religioso, a experimentação científica, a liberdade sexual, os direitos das mulheres à educação e liberdade da tirania dos pais, a presença de mulheres no palco, e o poder de sedução da voz feminina na ópera. Constituíram assim, as academias literárias, tendo entre elas, a famosa Accademia degli Incogniti, uma organização internacional em que os intelectuais da época eram membros, e conhecida como “casa do pensamento libertino”. Veneza, na época, detinha uma posição singular: a cosmopolita cidade comercial era o centro da edição italiana, o que facilitou a impressão do libreto, texto altamente declamatório e altamente visual, produzido para performance do drama cantado. A maioria dos primeiros libretistas eram ligados a prestigiosa Accademia degli Incogniti,  grupo que era o principal patrono da ópera, gênero musical que tornou-se popular, uma das principais janelas para as ansiedades e tensões da época. “Em Veneza não existia corte, uma condição importante para o nascimento de uma instituição como a da ópera empresarial veneziana” (BIANCONI, 1993), que tornou a opera per musica num evento constante, apresentado para um público pagante. A organização do Teatro Empresarial, era feita por um grupo de particulares: os proprietários do teatro, o empresário e os artistas. Teatros foram construídos exclusivamente para a execução do espetáculo totalmente cantado. O sucesso do empreendimento teve um outro fator significativo: a escolha do elenco, a partir da metade do século XVII, os cantores foram o chamariz principal de uma produção, tendo influência imediata sobre os espectadores, o que contribuía para o sucesso do espetáculo e lucro para o empresário. Assim, os cantores começaram a trabalhar durante a temporada teatral com contratos e salários altíssimos (PIPERNO, 1987)  tendo respeitadas suas características vocais já na idealização do libreto, surgindo uma nova denominação aos cantores-atores: prima donna e primo uomo, trazendo o sistema de produção do teatro público como conhecemos hoje.

PALAVRAS-CHAVE: musicologia, opera veneziana, teatro empresarial.

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